segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Escada








se eu fosse mais esperto, ou diria racional 

não daria muita bola pros amores do passado

mas, como pouco sou, me recordo um a um, numa ode às avessas 

deste me lembro nada, pois tempo já passou, era amor de infância, pouco tenho de lembrança, mas os olhos, 

e que olhos, nunca me esqueço 

e nas memorias me apoio, levitando, vou subindo pouco a pouco 

lembro desse, mas que loucura, era artista da tv. Chegando da escola, com a cabeça ao travesseiro, eu ia 

trançando nos detalhes nossa história 

nesse ponto já alcançava o topo dos prédios, via lado a lado as antenas de tv 

teve a tal da adolescência, cada ano era um drama; mas o nosso aquele ano foi drama dos bons 

sua cara e seu nome ainda me lembro, suas fotos poucas tenho, os poemas, só um viu o nascer do sol,
sorrateiramente escondido joguei em sua mochila
mas coisa mais mal feita, foi a mãe que encontrou
dia apos dias 

livramos-nos de nós dois 

mas que frio, meu corpo flutuante já alcançou os topos nevados, os vulcões que há em mim se afastam aos 

meus olhos 

e rarefeito foi o senso que tomou todo meu eu, naquele dia de novembro que o capeta apareceu era 

amor de perdição
me dizia os poemas escritos na surdina, quando seus olhos seguiam meus passos 

mas alguém pelo caminho se perdeu, sobrou pra quem amou 
ao largo de onde existiu o amor se extinguiu
foi seguindo no silêncio, mas um dia se calou

ao meu lado os balões, já avisto a escuridão. as estrelas lentamente vou alcançando com a mão 

troposfera litosfera
e depois de tanto tempo veio esse 

lembro com detalhe, também com tanta sacanagem. meia duzia de mensagens, três noites de 

massagens, outras tanta de menage. era dois contra um, perdeu quem menos deu.

finalmente chego neste, ai, difícil recordar. nem o brilho das estrelas, quase ao meu alcance, me deixam 

esquecer. já fiz poema, conto, novela e romance, mas esse a amor nunca se foi. 

e nesse e vácuo vou juntando, 

mas, 

se eu fosse mais esperto, ou diria, racional; eu juntaria um a um, e nessa fila eu subiria, e num canto lá 

na lua esconderia de mim mesmo

e do resto do mundo 

o tanto que já amei

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