quarta-feira, 20 de maio de 2020

COVID-19



o fim chegou
virulento com o som de começo
a máscara
aberta como a janela
ilumina com a brisa do vento

abrir a porta com a fome da angústia
     os olhos para a rua amargura
lanço o corpo liberto
     me no odor do confinamento
permace
o silêncio dos olhares trancafiados

ainda que libertos
  tardios
libertos 

agarrado aos meus poetas
   concretos caminhos
sem poesia
me lanço no mundo simbólico
juntando forças palavras versos
     abertos
de dor

mãos cheias de sentimentos sem léxico
ando e recolho
       desenterro a memória
de
todos os meus
         nossos
         seus mortos 
corpos que ficaram para história
testemunhos
estáticas tropical

chuva salgada
 no lugar de ácida
que amarga a garganta
e
o constraste do céu limpo transbordando a lágrima
 dos
que assim como eu
               você
               ela
               ele perderam um pedaço de vida
da vida dos que amavam
o começo chegou