quarta-feira, 20 de maio de 2020

COVID-19



o fim chegou
virulento com o som de começo
a máscara
aberta como a janela
ilumina com a brisa do vento

abrir a porta com a fome da angústia
     os olhos para a rua amargura
lanço o corpo liberto
     me no odor do confinamento
permace
o silêncio dos olhares trancafiados

ainda que libertos
  tardios
libertos 

agarrado aos meus poetas
   concretos caminhos
sem poesia
me lanço no mundo simbólico
juntando forças palavras versos
     abertos
de dor

mãos cheias de sentimentos sem léxico
ando e recolho
       desenterro a memória
de
todos os meus
         nossos
         seus mortos 
corpos que ficaram para história
testemunhos
estáticas tropical

chuva salgada
 no lugar de ácida
que amarga a garganta
e
o constraste do céu limpo transbordando a lágrima
 dos
que assim como eu
               você
               ela
               ele perderam um pedaço de vida
da vida dos que amavam
o começo chegou

3 comentários:

Unknown disse...

Parabéns

Unknown disse...

Valeu

Mayk disse...

Boa noite Nuno!
Quantas recordações de uns anos para cá! Quando vejo aquele guarda-chuva a moda cutuca marido, me lembro dos dias intensos da sua passagem por Belo Horizonte. Quantas lembranças...
A vida nos colocou em caminhos diferentes, isto é, cada um no seu curso inesperado. No entanto hoje me deparei nostálgico e pensativo. Dái lembrei que tive uma companheira fiel, daquelas de todas as horas: "Mina Louvre".
Aqui sentado no quarto, quase que numa penumbra de emoções sentindo a típica mudança do clima tropical brasileiro, para a transmutação de um tempo gélido e acolhedor me tocou em visitar as origens.
Acessei depois de alguns anos, escritos tão significativos ao som dos flash
backs da vida, os quais me levaram ao teu encontro.
Entre os meus seguidores fiéis permaneceu um apenas: "A Paulicéia Niilista". Ahhhh! Ela foi uma das responsáveis pela criação prematura de "Mina Louvre".
O tempo passou e gostaria tanto de ter dado vazão aos sentimentos. Contanto, muitos fatos aconteceram, outras prioridades foram tomando o espaço que "Ela" tinha. Mesmo assim, continua viva em mim.
Fiquei consternado que você, caro amigo, ainda continua dando vida e cores a "Paulicéia". Mais uma vez, entendi que a sina dela é arrastar, inspirar e fazer acontecer aos seus, à aqueles que tem dom com as palavras, enfim à aqueles que possuem a sensibilidade da existência.

Saudades Mil, querido amigo!

Abraços..
Mayk...