quarta-feira, 11 de março de 2020

Ecoar

 
 
Sentado num salão, amplo e iluminado. As cadeiras com estofado vermelho e estilo do século 19. As pesadas cortinas verdes. O papel de parede francês. O chão de mármore. E lá no fundo, distante, uma parede de vidro que dava para o mezanino. Atrás da paredes um balcão, algumas cadeiras de escritório, o display da companhia e por fim a última e mais importante imagem, os pés dele. 
Neste momento, entra no salão uma jovem faxineira; negra, alta, cabelo amarrado com um pano, o balde e o pano na mão. Ela cruza o salão parando em frente a uma grande estufa transparente e começa.
 "E quando o desejo vem é teu nome que eu chamo, posso até gostar de alguém mas é você que eu amo; Fica dentro do meu peito sempre uma saudade, só pensando no seu jeito eu amo de verdade".
 Repetidas vezes o refrão correu o salão, reverberava sentimento, emoção e pureza. A voz, que bela voz. Meu peito se enche de esperança e angústia; a primeira lágrima escorre, e neste momento o timbre dela forja para sempre um dos momentos mais intensos da minha vida. A voz que ecoa até hoje em mim.

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